Teses Defendidas - 2023

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação

Título: A Comunicação da Ciência em tempos pandêmicos: apropriações midiáticas de universidades públicas brasileiras no combate à desinformação

Autor(a): Pedro Augusto Farnese de Lima
Data da defesa: 02/06/2023

A circularidade de informações, potencializada pelo avanço tecnológico e social de plataformas midiáticas, favorece o maior alcance de boatos, teorias conspiratórias e produtos comunicacionais que impactam, sobretudo, a ciência. A Pandemia do coronavírus é um evento histórico com importantes consequências para a humanidade e apresenta, dentre outros desafios, a necessidade de difundir dados credíveis que auxiliem no combate à doença. Nesse contexto, como as instituições científicas se apresentam no ambiente virtual para o enfrentamento dessa realidade? Quais ações foram empreendidas para publicizar as pesquisas e os principais assuntos acionados? Esta tese se configura com o objetivo de investigar como as maiores instituições produtoras de conhecimento no Brasil (USP, UNIFESP, UERJ e UFRJ) se posicionaram a partir do Facebook. A Análise de Conteúdo (AC) das postagens publicadas em diferentes períodos, de 2020 a 2022, mostrou que as abordagens enunciativas estiveram em sintonia com os aspectos conjunturais do avanço da Covid-19, o que nos permitiu categorizar as temáticas, estabelecendo, assim, uma curva de aprendizagem epistemológica. As universidades se apropriaram de todo seu aparato midiático, com refutações balanceadas às narrativas circulantes e abordagens contextualizadas em um ambiente de negacionismo governamental que influenciou as tomadas de decisão das políticas públicas de saúde.

Palavras-chave: Facebook; negacionismo científico; Covid-19; fake news.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de Produtos e Processos na Cultura Midiática.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Centro de Estudos em Música e Mídia

Título: O universo LGBTQIAP+ no documentário brasileiro do século XXI

Autor(a): Jamilson José Alves-Silva
Orientador(a): Gustavo Souza da Silva
Data da defesa: 19/06/2023

Este trabalho pretende elucidar a maneira como personagens com “sexualidades ou gêneros dissidentes” têm sido retratadas ao longo das primeiras duas décadas deste século na produção brasileira de documentários e por que essas pessoas, em grande parte do período estudado, ganharam mais visibilidade. Para isso, foram analisados os documentários Kátia (Karla Holanda, 2012), Bixa Travesty (Claudia Priscilla e Kiko Goifman, 2018) e Divinas Divas (Leandra Leal, 2017), todos protagonizados por travestis. A hipótese é de que os filmes estudados estão alicerçados em três aspectos principais, relacionados a questões de gênero e de sexualidade, que se materializam por meio: 1) dos traumas nas narrativas das personagens - que são individuais na vida dos sujeitos envolvidos, porém coletivos por se repetirem de forma cíclica e muito semelhante na vida de todos eles; 2) das performances, cotidianas ou artísticas, que embasam as narrativas pelas quais as histórias vão sendo contadas, instância que dá acesso à intimidade das personagens dos filmes; 3) das muitas memórias que as histórias contadas trazem à tona, que evocam recordações especialmente traumáticas. Quanto aos aspectos metodológicos que envolvem este trabalho, os filmes estudados revelaram a dimensão verbal como preponderante. No entanto, não falaremos apenas “do texto” dos filmes: serão abordadas questões de ordem visual, sonora, gestual, entre outras, para trazer mais consistência e pertinência às análises empreendidas. Ao longo das análises, muitos conceitos e autores foram acionados, destacando alguns: documentário (Bruzzi, Nichols, Aumont e Marie), teorias queer (Butler, Preciado, De Lauretis), performance (Goffman, Schechner, Féral, Carlson, Colling), memória, trauma e tradição da vítima no documentário (Souza, Alexander, Smelser, Seligmann-Silva, Halbwachs). As narrativas dos filmes, principalmente em sua dimensão verbal, deram margem para que viessem à tona os traumas das protagonistas e das demais pessoas envolvidas nos filmes. Tais traumas, decorrentes de situações de estigma e de preconceito motivadas pelas características de gênero e de sexualidade das protagonistas dos filmes, evocam memórias: individuais, coletivas, coletivizantes, às quais o espectador tem acesso pela forma como os atores sociais performam nos filmes, seja em suas vidas cotidianas ou em seus números artísticos, independentemente do grau de consciência da presença da câmera.

Palavras-chave: Documentário; Gênero/Sexualidade; Performance; Trauma; Memória.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de Produtos e Processos na Cultura Midiática.
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Grupo de Pesquisa em Análise de Produtos Audiovisuais

Título: Violência contra mulher: Uma análise semiótico-discursiva das notícias do G1 (2006-2016)

Autor(a): Janete Monteiro Garcia
Orientador(a): Dr. Paolo Demuru
Data da defesa: 26/06/2023

A tese em questão corresponde à análise semiótica discursiva de notícias do G1 sobre a violência doméstica contra a mulher, entre os anos de 2006 a 2016, referindo-se aos 10 anos de comemoração da Lei Maria da Penha. Por meio das investigações com foco nas linguagens verbal e imagética, inicialmente voltadas aos casos de violência (física, psicológica, sexual, patrimonial, moral e o feminicídio) e depois delimitando o recorte da pesquisa quanti-qualitiva para a violência física, como a mais encontrada neste corpus (41,1%), identificou-se a construção de simulacros ou papéis temáticos que constroem estereotipias da vítima como “conformada” e “refém”; e do homem como sujeito dotado de “bravura”, “inconformação”, “desobediência” e “negação” constituídos euforicamente tanto nos discursos midiáticos quanto nas condutas diárias; evidenciou-se no estudo a prática do jornalismo sensacionalista dada estrutura e os recursos utilizados têm base no exagero gráfico, temático, linguístico e semântico, totalizando 54,9% das matérias com esse viés; considera-se que os elementos textuais e imagéticos associam-se às características de “fofoca” ou “mexerico” ambicionando mais o despertar da atenção do público do que causar uma reflexão a respeito do tema. Além disso, nessa relação violenta manifestam-se o sujeito passional que é movido pelo sentimento de ciúmes, posse e pertencimento. Espera-se deixar uma contribuição pertinente aos estudos no campo comunicacional e semiótico com o intuito de conscientizar/educar os meios de comunicação acerca de como suas práticas discursivas influenciam ou reproduzem efeitos de sentido na sociedade bem como inspirar outros trabalhos relativos à problemática.

Palavras-chave: violência contra a mulher, G1, sensacionalismo, semiótica.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais
Grupo de Pesquisa da UNIP cadastrado no CNPq: Semiopol - Semiopolítica dos Processos Socioculturais e Midiáticos

Título: O negacionismo científico na pandemia da Covid-19: um estudo das narrativas anticiência nas redes bolsonaristas

Autor(a): Mariane Motta de Campos
Orientador(a): Profa. Dra. Carla Montuori Fernandes
Data da defesa: 29/06/2023

Esta tese tem como objetivo analisar as narrativas anticiência nas redes bolsonaristas publicadas no Twitter, a fim de compreender quais foram acionadas pelos perfis mais influentes durante o segundo ano de pandemia da Covid-19, de março a junho de 2021, quando o País chegou à marca de 500.000 mortes pela doença. Dessa forma, a pesquisa aborda a narrativa negacionista, que circulou nas redes sociais on-line. No início da pandemia da Covid-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) nomeou de “infodemia” a propagação em massa de informações, que contrariam a ciência, comprometendo a credibilidade de notícias oficiais, sobretudo as que encontravam respaldo no campo científico. No caso do Brasil, a desinformação ganhou proporções ainda maiores diante da disputa de narrativas entre o então governo federal vigente (Gestão Jair Bolsonaro - 2019 a 2022) e as instituições midiáticas, que funcionam como intermediadoras da comunicação entre a ciência e a população. Esse conflito intensifica-se ainda mais nas redes sociais. Em função disso, compreender como se deram essas narrativas negacionistas bem como os principais atores que aparecem nessas redes torna-se fundamental. Para situar sobre o contexto político brasileiro, recorre-se às discussões em torno do populismo digital e da crise de representação, levantando, dessa forma, o debate sobre o papel do Governo brasileiro na crise política e sanitária, que o País enfrentou. Por fim, propõe-se uma discussão acerca dos impactos do discurso anticiência na condução da pandemia da Covid-19 no Brasil.

Palavras-chave: Comunicação, Cultura digital, Redes sociais, Ciência, Covid-19.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais

Título: Vai trabalhar, vagabundo: um estudo da representação do trabalhador no imaginário brasileiro a partir do Breque dos Apps

Autor(a): Juliana Ayres Pina Tonel
Orientador(a): Prof. Dr. Maurício Ribeiro da Silva
Data da defesa: 14/08/2023

O movimento Breque dos Apps, que consiste em paralisações da categoria e ações na internet em prol das reivindicações dos entregadores de aplicativos, teve sua primeira e maior atuação em julho de 2020. Nesse campo de ação, a pesquisa analisou 4 páginas e perfis do Facebook e Instagram, sendo 2 simpatizantes e 2 contrárias ao movimento, a saber: Entregadores Antifascistas, Treta no Trampo, Não Breca meu Trampo e Garfo na Caveira. Por meio de Análise do Conteúdo e da narrativa destas páginas/perfis buscamos encontrar semelhanças e diferenças entre a representação da classe trabalhadora brasileira em períodos anteriores e por diferentes veículos discutindo os resultados a partir dos estudos do imaginário (MORIN, 1983) (CARVALHO, 1990), da teoria das representações sociais (MOSCOVICI, 2009) e do conceito de cumulatividade cultural (CONTRERA, 2019) na narrativa (BENJAMIN, 1987, 1989) e (MOTTA, 2013). A partir destes, discorre sobre o papel da narrativa na reverberação de imagens e representações no imaginário atuando, mesmo que indiretamente, na formação social e nas relações de trabalho. Dessa forma, observa como narrativa histórica e narrativa não-ficcional se entrecruzam ao longo do tempo independentemente de veículo e linguagem utilizadas propondo uma nova observação do fenômeno narrativo a partir do imaginário.

Palavras-chave: Comunicação. Imaginário. Breque dos Apps. Narrativa. Redes Sociais.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais

Título: “EU SOU A UNIVERSAL”: A Reprodução da Masculinidade Hegemônica no Imaginário Midiáticos

Autor(a): Marcos Camilo de Santana
Orientador(a): Prof. Dr. Jorge Miklos
Data da defesa: 21/08/2023

Esta tese tem a proposta o estudo da masculinidade hegemônica. A pesquisa se dá no campo Comunicação e o objetivo é identificar e analisar a presença discursiva da masculinidade hegemônica na religião, em particular na Igreja Universal do Reino de Deus cujo império midiático é um dos maiores “cases” de Comunicação e Marketing religioso do Brasil. O problema que move a investigação é: quais os sentidos sobre a masculinidade são produzidos e vascularizados pelas mídias nas campanhas publicitárias da IURD? O corpus de análise é a campanha publicitária: “Eu sou a Universal”, em seu marketing comunicacional, bem como a comunicação integral desta instituição e como contribui com a masculinidade hegemônica, analisados durante os anos de 2020 a 2023. A base metodológica é a hermenêutica de profundidade proposta por John B. Thompson. O referencial teórico é composto pela teoria do imaginário comunicacional (MORIN; CONTRERA), pelas teorias da masculinidade hegemônica (CONNEL) e os teóricos das Ciências da Religião e Comunicação (CUNHA; CAMPOS; MIKLOS; SILVA; PENKAL). Os resultados da pesquisa apontaram que as narrativas midiáticas influenciam na construção do imaginário social que molda a identidade dos indivíduos e, ao mesmo tempo, são um reflexo das normas de conduta estabelecidas pela sociedade. Nessa perspectiva, as narrativas das campanhas publicitárias da IURD, sob a demanda mercadológica, fomentam a produção de sentido alinhada à masculinidade hegemônica, machista e patriarcal.

Palavras-chave: Comunicação e Cultura; Comunicação e Religião; Imáginario Midiático; Masculinidade Hegemônica; IURD
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da Mídia para a Interação entre Grupos Sociais

Título: A ACOMODAÇÃO DOS OUTSIDERS ALEXANDRE KALIL E ROMEU ZEMA AO ESTABLISHMENT EM MINAS GERAIS: uma análise das estratégias retóricas e das narrativas antipolíticas na propaganda eleitoral dos líderes mineiros pelo Facebook

Autor(a): Fernando de Resende Chaves
Orientador(a): Profa. Dra. Carla Montuori Fernandes
Data da defesa: 25/08/2023

Ao definir o estado de Minas Gerais e sua ambiência comunicacional e geopolítica como recorte, a fim de discutir a emergência e a utilização da retórica antipolítica pelas campanhas eleitorais contemporâneas, o presente trabalho desenvolve uma análise comparativa de conteúdo entre as campanhas eleitorais de Alexandre Kalil e Romeu Zema, em dois momentos distintos da trajetória de ambos os líderes mineiros, que, hoje, protagonizam politicamente no Estado. Primeiro, a análise das campanhas recai sobre o pleito municipal de 2016, quando Kalil teve sua primeira experiência eleitoral, tendo sido eleito prefeito de Belo Horizonte, filiado à época a um partido nanico (PHS) e derrotando, no segundo turno, o então candidato das forças políticas tradicionais, João Leite, filiado ao PSDB. Kalil tinha apenas 23 segundos dos 10 minutos do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) e investiu na comunicação eleitoral via redes sociais, em especial o Facebook. Ainda nesse primeiro percurso, a análise incide sobre a eleição ao Governo de Minas Gerais, em 2018, quando Zema inaugurou a sua trajetória eleitoral tornando-se governador do Estado depois de derrotar, também, o PSDB e o PT, na disputa contra o tucano Antônio Anastasia, além do petista Fernando Pimentel (PT). Kalil e Zema despontavam como candidatos outsiders nessas primeiras campanhas analisadas e acionavam, de forma intensa, narrativas antipolíticas, com fortes críticas aos partidos e políticos tradicionais. No contexto político nacional, com reverberações nas disputas estaduais e municipais, destaca-se uma série de situações e fenômenos políticos, econômicos e sociais, que contribuíram para o sucesso do discurso de negação da política: as Jornadas de Junho de 2013, a Operação Lava Jato, com 79 fases de 2014 a 2021, a derrocada em 2016 do PT com o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, a prisão de Lula em 2018 em decorrência da Lava Jato, e de vários outras lideranças políticas ligadas ao PT, PMDB e partidos do Centrão e, finalmente, a vitória da extrema direita no País, com o sucesso eleitoral de Jair Bolsonaro em 2018, quando conquistou a Presidência da República, derrotando Fernando Haddad (PT). Num segundo momento, esta análise de conteúdo volta-se para as eleições de 2022, quando Kalil e Zema disputaram o Governo de Minas Gerais, num contexto político bem diferente em relação aos pleitos de 2016 e 2018, já tendo, ambos, passado pela experiência governamental. O discurso antipolítico passou a ser amenizado até pela inserção dos dois atores ao campo político tradicional em alianças com partidos e lideranças conservadoras ou hegemônicas. No caso de Kalil, a transformação foi mais incisiva, e o candidato passou a ter como referência a figura do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além de fazer fortes apelos a conteúdos político-partidários e ideológicos, inserindo Lula e a frente de centro-esquerda, que estava na sua aliança (PT, PSB e PCdoB), adotou o discurso progressista em concorrência com a postura neoliberal de Zema. Tal estratégia destoou da construção original de seu personagem antipolítico, independente e pragmático construído em 2016 e que, como prefeito de Belo Horizonte, ainda manteve maior consistência. Zema, por sua vez, vinculou-se a um grupo político mais conservador e, também, tradicional na política, mas, em suas estratégias comunicacionais, procurou manter o discurso de “gestor” em detrimento do político, o que trouxe uma certa coerência em sua trajetória do ponto de vista midiático. Deve-se lembrar que, em relação ao campo político, estava plenamente inserido, com apoio de deputados federais e estaduais e prefeitos, e valeu-se de um jogo eleitoral viciado na política brasileira, que é o uso da máquina administrativa para garantir a reeleição. A pesquisa tem como corpus os vídeos publicados pelos candidatos no Facebook no primeiro turno dos pleitos analisados e se fundamenta, como se vê nos dois primeiros capítulos, em abordagens teórico-metodológicas da área de interface entre mídia e política, sobretudo na linha de comunicação eleitoral. Traz, como discussões teóricas e conceituais, desde a simbiose entre o campo da política e da mídia, passando pelas especificidades da comunicação eleitoral no Brasil, até chegar ao debate sobre a retórica antipolítica, entendida como um movimento dialético intrínseco ao próprio modus operandi do campo da política. Assim, o trabalho busca auxiliar na compreensão das estratégias e apelos persuasivos utilizados pela retórica antipolítica contemporânea, observando um contexto regional importante, que é Minas Gerais, mas estabelecendo paralelos com a política nacional. Por meio da análise de conteúdo, são analisados 51 vídeos da campanha municipal de 2016 em Belo horizonte, exibidos no Facebook de Kalil, e 106 vídeos da eleição para governador de Minas em 2018, exibidos no Facebook de Zema. Quanto às eleições de 2022, é analisado um total de 170 vídeos da disputa entre os dois candidatos pelo Governo do Estado (51 da campanha de Zema e 119 da campanha de Kalil), disponibilizados no Facebook das candidaturas. Com base na segmentação e na categorização dos vídeos quanto aos objetos ou temas políticos, tipos de narrativa antipolítica empregados, apelos persuasivos e construções retóricas, dentre outras categorizações aplicadas, é possível perceber os limites e paradoxos a que a retórica antipolítica está submetida ao alçar ao poder bem como entender alguns caminhos retóricos, que a antipolítica pode percorrer dentro da comunicação eleitoral, sobretudo o populismo e o gerencialismo.

Palavras-chave: Comunicação Eleitoral; Antipolítica; Minas Gerais; Alexandre Kalil; Romeu Zema
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de produtos e processos na cultura midiática

Título: O algoritmo tem ouvidos? Um estudo sobre a escuta musical na plataforma de streaming do spotify

Autor(a): Fernando Pedro de Moraes
Orientador(a): Profa. Dra. Heloisa de Araújo Duarte Valente
Data da defesa: 28/08/2023

Esta tese foi estruturada por meio de uma pesquisa qualitativa e quantitativa, por uma metodologia de estudo de caso utilizando o autor Robert YIN, 2015, com o principal objetivo de desenvolver uma investigação sobre quais as razões se estabelecem os processos de comunicação com o algoritmo da plataforma do serviço de streaming de música do Spotify, na criação de listas de preferências musicais de forma assertiva para seus usuários tanto em contas pagas (PREMIUM), como em contas gratuitas (FREE), onde se faz necessária a investigação de como estes processos de recomendação da plataforma do Spotify e o comportamento de suas tecnologias de inteligência artificial, definem a criação de indicações algorítmicas, baseadas na interferência e associação de hábitos e costumes dos usuários. As ferramentas para análise dos dados, são ferramentas de softwares mundialmente conhecidas de visualização e análise de dados, Wireshark e a Fiddler, (BANERJJE et al, 2010). Esta pesquisa está amparada em autores como Clarke, e Kubrick (1968) para iniciar nossas discussões sobre as minhas ideias iniciais de HAL e NELSON, como algoritmos de utilização e serviços mediados por suas plataformas, desenvolvendo algoritmos de lógica retratada por Muggleton (2014), Gillespie (2014), Rieder (2012) e Jacques (2014), Fernandéz (2018), Lotz (2018) e Herbert (2015), para falar de plataformas midiáticas e de streaming e plataformização com Poell, Nieborg, Dijck (2020). Copeland (2004) com a essência dos algoritmos de Turing, Cruz, Alencar e Schimitz (2013), De Marchi (2021), justificam a aderência da pesquisa no que se refere a criação de gostos estruturados por algoritmos em plataformas de streaming. Sobre a dataficação, principalmente, Dijck (2014), Schoenberger e Cukier (2013), D´Andrea (2020), dentre outros. Concluímos que os levantamentos de dados foram comparados com pesquisas e autores já mencionados e fica claro que existe o acesso aos dados do usuário como insumo fundamental na geração de listas assertivas para a recomendação baseada nos hábitos e costumes de utilização de plataformas diversas até chegar no Spotify.

Palavras-chave: Canção Francesa, Cultura Midiática; Escuta; Inteligência Artificial; Streaming; Spotify.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de Produtos e Processos na Cultura Midiática.

Título: A terra e a gente: estereótipos do povo e da paisagem brasileira nos meios de comunicação

Autor(a): Sandra Helena Vieira Maia
Orientador(a): Prof. Dr. Maurício Ribeiro da Silva
Data da defesa: 28/08/2023

Esta tese estuda os processos comunicacionais inseridos no campo da cultura em uma sociedade fundada na disseminação sistemática de imagens. Examina-se o fenômeno imagético na sociedade digital como vetor da manutenção de imaginários arcaicos, como forma de contribuir para a constituição de uma arqueologia da intolerância, em face dos estereótipos da terra e da gente brasileiras. O objetivo é compreender a permanência destes, com fundação nos imaginários coloniais europeus, em comparação com o que se veicula nos ambientes comunicacionais contemporâneos. A metodologia aplicada é a Análise de Conteúdo, organizado em dois conjuntos de dados, sendo o primeiro narrativas e imagens produzidas no período colonial brasileiro, e o segundo obtido a partir de imagens catalogadas com o auxílio da ferramenta Google Images. Para constituir efeito de comparabilidade, do passado e presente, concentrou-se a pesquisa nas imagens e narrativas do Brasil colonial e da cidade do Rio de Janeiro no contemporâneo, visto que esta se sobrepõe à imagem do país enquanto destino turístico, com foco na indústria cultural do turismo de aventura, em especial, dos programas Favela tour. Os autores utilizados para embasar a discussão sobre imagem e imaginário são: Gilbert Durand (2014, 2019), Norval Baitello Jr. (2005, 2012, 2014), Malena Contrera (2017, 2021), Juremir Machado da Silva (2017) e Mauricio Ribeiro da Silva (2005, 2020, 2022). No contexto da constituição histórica do imaginário brasileiro, são referências Bueno (1997, 1998, 2016, 2020), Sérgio Buarque de Holanda (2020a, 2020b), Serge Gruzinski (1988, 2008, 2014), Darcy Ribeiro (1962, 1992, 2002), Laura de Melo e Souza (1993, 2021), entre outros.

Palavras-chave: Mídia; Imagem; Estereótipo; Preconceito; Favela tour.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Contribuições da mídia para a interação entre grupos sociais

Título: RUMO AOS HOMOBOTS: algoritmos, diminuição da complexidade e o rebaixamento da consciência humana

Autor(a): Ulisses Gustavo Pereira Pena
Orientador(a): Profa. Dra. Malena Segura Contrera
Data da defesa: 04/09/2023

Esta tese de doutorado investiga o impacto dos algoritmos na complexidade da consciência humana. Observa-se que os algoritmos têm exercido uma influência crescente em nossas vidas, impondo automatismos comportamentais que limitam a nossa liberdade de escolha. A hipótese central é de que os algoritmos estão diminuindo a complexidade da experiência humana, conforme proposto pelo conceito de pensamento complexo de Edgar Morin. Para fundamentar essa hipótese, foi realizada uma pesquisa bibliográfica com autores das áreas de tecnologia, comunicação (humana) e ciências cognitivas. A tese é estruturada em prólogo, capítulos 1, 2, 3 e conclusão. O prólogo contextualiza o cenário no qual se desenvolve o fenômeno estudado, apresentando a questão da domesticação do corpo e da consciência humana no século XX, resultante da eletrificação e das tecnologias de comunicação a distância, que reduziram a capacidade de simbolização do mundo e criaram a “mediosfera”. No capítulo 1, explora-se o objeto de estudo: os algoritmos, compreendendo seu funcionamento e impacto na vida das pessoas. O capítulo 2 aprofunda a questão da consciência humana, visando uma abordagem multidisciplinar com autores das áreas de comunicação (humana), tecnologia e ciência cognitiva. No capítulo 3, cria-se uma conexão entre algoritmos e a compreensão da consciência, resgatando o mito de Odisseu como forma de resiliência diante da influência algorítmica. Por fim, na conclusão, apresenta-se a situação atual, acentuando que estamos entregues aos algoritmos. Esta pesquisa contribui para futuros estudos sobre os algoritmos como agentes modificadores da consciência e destaca as consequências desse processo. Conclui-se que a consciência tem sido rebaixada ao permitir que máquinas e algoritmos narrem nossas histórias.

Palavras-chave: Algoritmo. Rebaixamento da consciência. Diminuição da complexidade. Homobots.
Área de Concentração: Comunicação e Cultura Midiática.
Linha de Pesquisa: Configuração de produtos e processos na cultura midiática